Auto Hemoterapia: benefícios para a saúde ou um perigo?

Uma prática que existe há muitos anos é a auto hemoterapia, também conhecida como “o sangue que cura”. Esse é um tratamento no qual é removido o sangue do paciente a partir de suas veias, e posteriormente esse mesmo sangue é injetado de volta no corpo, dessa vez dentro do tecido muscular, geralmente no braço, pernas ou nádegas.

De acordo com os defensores e estudiosos da prática, a auto hemoterapia seria responsável por estimular a proliferação dos macrófagos, células que realizam ações defensivas no corpo, circulando em todos os órgãos com o o objetivo de encontrar e remover elementos indesejados de nosso organismo.

No Brasil, praticamente não existem grandes livros ou DVDs sobre a prática, sendo necessários muitas vezes que as pessoas busquem informações pela Internet. A Auto-Hemoterapia não é aprovada pela Anvisa, Conselho Federal de Medicina e Conselho Federal de Enfermagem, o que será explicado melhor mais abaixo.

A origem da auto hemoterapia

No ano de 1912, a auto hemoterapia foi definida como um método terapêutico por Paul Revaut, médico francês, consistindo em injetar debaixo da pele de alguém doente alguns centímetros cúbicos do seu próprio sangue. Revaut descreveu a auto-hemoterapia, sua técnica e indicações pela primeira vez num importante artigo publicado em 1913, afirmando que havia curado enfermidades infecciosas, em particular a febre tifóide e algumas dermatoses. Ravaut usou posteriormente a auto-hemoterapia em casos de asma, urticária e estados anafiláticos.

No ano de 1938, em uma tentativa de encontrar um tratamento eficaz para infecções, a auto hemoterapia voltou a ser empregada. Nessa época os antibióticos ainda não estavam disponíveis, e isso levou o médico francês Gaston de Lyon a propor injetar sangue da própria pessoa no membro afetado para evitar amputação. Com relativo sucesso, a prática se espalhou na Europa, e posteriormente foi perdendo força com os tratamentos de antibióticos, que também estavam se popularizando na mesma época. Fato semelhante aconteceu com a helioterapia (terapia com o Sol), já descrita aqui no blog.

auto hemoterapia

Atualmente, na base de dados PUBMED, do NIH (Instutito Nacional de Saúde americano), considerada a maior base de dados médicos do mundo, existem mais de cem estudos científicos publicados sobre auto-hemoterapia, a maioria sendo clínicos. Apesar de ser pouco,  mostra que há pesquisam da comunidade médica sobre o assunto. Um estudo lá publicado, inclusive, foi realizado no próprio Brasil. Nele, algumas vacas com um tipo de infecção na pele receberam auto-hemoterapia ou um antisséptico a base de iodo (que é o tratamento convencional). Após uma semana, 26% das vacas que receberam a auto hemoterapia tinham melhorado contra 8% das que receberam tratamento convencional, sem efeitos colaterais.

Os benefícios de auto hemoterapia

Os defensores e estudiosos da auto hemoterapia afirmam que a prática traz resultados excelentes para:

  • Alergias
    Acne
    Furunculose
    Eczema
    Doenças Respiratórias
    Depressão
    Psoríase
    Esclerodermia
    Asma Brônquica
    Doença De Crohn
    Artrite
    Rinite

 

Auto Hemoterapia faz mal? O que diz quem condena a prática

O Conselho Federal de Medicina (CFM), já declarou que essa técnica não têm fundamentos cientificos, e proibiu que os médicos apliquem essa a técnica, sob risco de serem processados e cassados pelo CFM. O Conselho Federal de Enfermagem igualmente não recomenda os enfermeiros a aplicá-la, sob pena de sanções, segundo informa o site do Conselho: “a auto hemoterapia trata-se de um tratamento médico para o qual não há consenso técnico e científico e nem aprovação dos conselhos profissionais da área da saúde em relação aos seus possíveis efeitos benéficos”.

Além deles, a Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia já realizou comunicado condenando veementemente a auto-hemoterapia, e afirmando que essa terapia não tem qualquer validade. A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), por sua vez, alertou que a prática pode trazer infecções generalizadas, pois, segundo eles, há bactérias na pele e uma parte delas pode entrar na seringa. Quando você injetar o sangue no músculo, vai formar-se um hematoma, que é uma fonte de cultura de bactérias.

Como fazer a auto-hemoterapia?

De acordo com essa notícia do Governo de São Paulo, que condena a prática, a reintrodução do sangue é feita uma vez por semana, no músculo do braço ou nas nádegas. A quantidade de sangue a ser aplicada depende da doença que deve ser tratada e pode variar de 5 mililitros a 20 mililitros. Cada braço pode receber até 5 mililitros e cada nádega até 10 mililitros. Quando o organismo recebe o sangue no músculo, o reconhece como um corpo estranho, o que estimularia o sistema imunológico. O método, segundo seus defensores, seria capaz de curar de acne a câncer.

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Obs.: essa matéria é meramente informativa, apresentando os argumentos dos que a defendem e dos que condenam essa prática, assim como informações sobre algumas pesquisas. Não nos responsabilizamos por nenhuma ação tomada ou consequência baseada neste material. Procure um profissional da saúde antes de iniciar qualquer tratamento.

Esse blog tem caráter apenas informativo. Antes de utilizar qualquer suplemento ou iniciar qualquer tratamento, sempre consulte um profissional de saúde. Procure sempre o aconselhamento do seu médico ou outro prestador de cuidados de saúde qualificado com qualquer dúvida que possa ter a respeito de sua condição médica. As informações contidas aqui não se destinam a diagnosticar, tratar, curar ou prevenir qualquer doença.
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